Somos de linguagem
Quem sou eu
- Lourdilene Vieira
- Teresina, Piauí, Brazil
- Sou doutoranda em Estudos linguísticos pela UFMG e professora de Língua Portuguesa. Embora alguns (muitos) eternamente alunos me chamem de professora (ou, mesmo, professorinha) ainda adoro o título de estudante.
domingo, 3 de junho de 2012
A hipocrisia nossa de cada dia
sábado, 3 de julho de 2010
O PODER DA PALAVRA
Maria Lourdilene Vieira[i]
O que é uma palavra? O que consta numa palavra? Ao guiar, num poema, o fazer poético, Drummond alerta: “Penetra surdamente no reino das palavras (...) / Chega mais perto e contempla as palavras / cada uma / tem mil faces secretas sob a face neutra”. Tal afirmação nos remete ao fato de que cada palavra comporta um potencial de significações (‘mil faces’) que vão sendo delineadas a partir das diferentes situações de uso, ainda que, fora de uso, em seu estado de dicionário, nos surja aparentemente neutra. Podemos já depreender que, são nas situações de uso, por sua vez, particulares, que as palavras assumem (diferentes) significações.
Quando usadas, em que incorporam significações particulares em prol da construção de sentidos num texto, por exemplo, as palavras mostram o seu poder de realizar ações, de criar fatos e realidades. O poder delas está tão fortemente arraigado à nossa vida, que perpassa o senso comum e é capaz de milagres! Sim, milagres, grandes milagres, no seu sentido mais divino. Isto porque até mesmo religiões, de culturas de tempo, lugar e espaço diferenciados, acreditam num potencial sobrenatural das palavras.
Um dos exemplos mais comuns está na própria bíblia, já no seu primeiro livro, Gêneses (I, 1-5), que afirma: “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: Exista a luz. E a luz existiu. E Deus viu que a luz era boa; e separou a luz das trevas. E chamou a luz dia e as trevas noite. e fez-se tarde e manhã, (e foi) o primeiro dia”. Vejamos como a palavra é apresentada a partir de um poder mágico de criar. Deus cria a partir daquilo que diz.
Em nossa vida prática, isto acontece a todo instante, mas como ocorre concomitante a outros fatores, nem nos damos conta disso. Vejamos: alguém disse que o Mick Jagger é ‘pé-frio’ porque, em copas do mundo, as seleções para as quais ele já torceu, voltaram para casa antes do final do campeonato. Mais pessoas repetem estas palavras já com caráter de informação, a mídia também, logo, os torcedores assumem isto como um fato e não querem mais que Mick Jagger torça para a seleção de seu país, seja esta qual for.
O fato de alguém ter dito um ‘Cala boca Galvão’ no Twitter e outras pessoas começarem a repetir ganhou ares e ultrapassou o seu sentido mais primordial – que seria criticar a postura apaixonada do narrador de futebol – e uma tradução para os estrangeiros, que não conseguiam dá sentido à expressão, inaugurou uma das maiores mentiras que circularam pela internet nos últimos dias. A expressão depois apareceu disfarçada numa falsa campanha para salvamento do pássaro brasileiro Galvão. Resultado: a mentira – mais em tom de piada – ultrapassou as barreiras do Twitter, apareceu como comunidade no Orkut, em um vídeo do You Tube, até mesmo nas páginas do The New York Times.
Não nas mesmas proporções, mas nesta mesma perspectiva, as palavras proferidas no nosso dia a dia ganham dimensões tão vultosas ao ponto de até mesmo decidirem nossas vidas. Elas inauguram atos, realizam ações. Na Linguística dá-se o nome de atos de fala ao poder realizador das palavras, proferidas em lugar e tempo apropriados pelas pessoas autorizadas sócio-culturalmente. Assim, uma cerimônia de batismo de uma criança se concretiza, quando, no final de todo o ritual, na presença dos padrinhos, o padre diz “eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. No tribunal, nem sempre é o juiz quem dá a sentença, mas é ele quem deve lê-la, e, após isso, cumpre-se uma decisão.
Por meio das palavras comunicamos, interagimos, informamos, mas também criticamos, mentimos, enganamos... Criamos diferentes realidades, encenamos: dizer um ‘eu te amo’ ou um ‘eu te odeio’ a alguém, pode até não ser verdade, mas o simples fato de ser proferido já causa algum efeito. Falamos e escrevemos o que queremos, mas é ao longo de nossa vivência em sociedade que adquirimos os costumes, assimilamos os diferentes usos e as formas mais apropriadas de usos das palavras.
É por isso que o ‘eu te amo’ e o ‘eu te odeio’ normalmente seriam ditos em circunstâncias diferenciadas; que é o padre quem diz “eu te batizo” e não um dos padrinhos ou o pai ou a mãe da criança; que a sentença é lida pelo juiz ao final do julgamento e não no início ou no meio; que acreditamos que o Mick Jagger é mesmo ‘pé-frio’, porque a afirmação tomou como pressuposto evidências recorrentes; e que o ‘Cala-boca Galvão’ proferido aqui no Brasil foi tomado em outro sentido no exterior, por que a expressão lá foi, em tom de brincadeira, contextualizada noutro sentido para aqueles interlocutores.
Com as palavras damos nomes às coisas que nos cercam, criticamos as pessoas, avaliamos os acontecimentos, etc. Elas constituem o sistema mais completo de comunicação que dispomos, a linguagem verbal, e têm, deveras, o poder mágico de criar. Afirmar isso é tão factual quanto admitir que, enquanto seres sociais, ao passo que constituímos, somos constituídos por linguagem(ns).
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Ser Piauiense
Foi exibida no Programa do Jô, dia 22 de outubro, uma entrevista com uma "humorista", ex-piauiense, auto-intitulada "deformada" em Jornalismo. Pois bem, essa pessoa, que já não lembro mais o nome - tenho um sério problema de não lembrar de coisas pequenas - deu um show: descreveu a miséria do Piauí e das pessoas do Piauí sob a forma de piadinhas. Piadinhas mesmo! Dizia estar fazendo "humor", vejam só: humor!
Que tipo de humor é esse que se constrói em cima das desgraças alheias? Que apresenta um povo de uma forma caricaturada, desigual do resto do mundo e, por isso, inferior?
Sou do Piauí, amo o meu Estado, ja tenho viajado pelo Brasil e sempre faço questão de falar bem da minha terra, isso porque sou de lá e, por isso mesmo, sei das dificuldades e da beleza do povo, da cultura, do lugar... Acredito que isto é o que é ser piauiense. Já que tive a oportunidade de receber uma formação de qualidade (lá mesmo no meu estado!), retribuo da melhor forma possível. Não faço e nem aceito que façam piadinhas (sem graça) diante de mim.
Viajando pelo Brasil, descobri ainda mais virtudes do Piauí.
Às piadas que foram feitas pela "humorista" só tenho mais algo a dizer: sinto muito. Sinto por ela não ter tido a mesma oportunidade que tive, de ter acesso ao ensino básico e superior de qualidade; sendo do interior, de encontrar em Teresina, o que, de fato, sonhava e buscava; de não precisar me refugiar no Maranhão para fugir de um dos três destinos apontados pela "humorista" (ser funcionário de prefeitura, vender no Paraíba ou casar grávida) . Para mim, nenhum dos três foram dados como oportunidades, tive outras, confesso, bem mais produtivas!
Sinto muito, lamento por você!
Quanto ao Piauí, para quem não conhece - ou conhece apenas a partir de "piadas" do tipo daquelas exibidas no Programa do Jô, 22/10/09 - tenho um convite. Conheça mais o Piauí, mas o Piauí mesmo, ao vivo, a cores, se "bulindo".
O Piauí tem problemas? Nossa! Muitos! O Brasil tem problemas, tem miséria! E isso não é engraçado, é triste, é ruim... Mas há belezas também (e o que seríamos de nós sem elas): o povo é muito lindo, a cultura é muito rica, há lugares maravilhosos para se conhecer no Piauí, e muito para se viver também! Mas para tudo isto, para conhecer este lado que não é mostrado pelas grandes emissoras de televisão, é preciso ver de fato, conhecer de fato... Depois construa a sua própria imagem do Piauí, como eu construí a minha...
Sou piauiense, sou da terra do sol, sou da terra do pequi, da siriguela, do forró (dançado junto), da Serra da Capivara, do Encontro dos Rios Parnaíba e Poty, da Lenda do Cabeça de Cuia... Enfim, da terra de um povo sofrido, é verdade! mas lutador, guerreiro, que, mesmo esquecido pelas autoridades competentes, está todo dia na labuta...
Isto é ser piauiense, isto é ser brasileiro!
sábado, 8 de agosto de 2009
??????????
Até hoje não sei que conteúdos elegerei para abordar nos meus escritos neste Blog. Ainda assim, tenho a esperança de desvencilhar-me de muitos dos tantos medos que tenho e, assim, adquirir coragem o suficiente de escrever sobre muita coisa que há algum tempo sinto necessidade de expor.
Já tem um tempinho que este blog foi criado, mas ainda é muito pouco utilizado, devido a essa confusão. Embora pouco saiba, tenho muito a dizer, mas ainda não sei como. Mesmo assim, vou fazer postagens, mesmo que elas, por enquanto, tratem dessa minha indecisão.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Ouse.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
TOCANDO EM FRENTE
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Autores: Almir Sater e Renato Teixeira
Intérprete: Almir Sater
Você não me ensinou a te esquecer
Composição: Fernando Mendes / José Wilson / Lucas
Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querere te querendo eu vou tentando me encontrar
E nesse desepero em que me vejo
já cheguei a tal ponto]
de me trocar diversas vezes por você
só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando me encontrar